Docente de Farmácia da Uniara fala sobre atuação do profissional durante a pandemia, e sobre tipos de testes de detecção do coronavírus

Compartilhe esta notícia:

Exames podem detectar anticorpos ou o próprio vírus.

 O professor do curso de Farmácia da Universidade de Araraquara – Uniara, Adilson César Abreu Bernardi, fala sobre como atua o profissional da área durante a pandemia e explica a base de como é um vírus e como funcionam os diferentes tipos de testes para a Covid-19.

“O farmacêutico é o profissional da saúde completo, que atua em diversas áreas, e por isso tem a denominação de generalista. Mais especificamente em relação à pandemia, temos uma parte que atua dentro das farmácias, instruindo a população sobre como fazer o uso de medicamentos para não haver problemas de reações adversas ou mais graves. Eles atendem e orientam essas pessoas, em função dos estudos relacionados principalmente à vigilância sanitária e epidemiológica – essa parte de assistência à saúde – e à assistência farmacêutica, que envolve tudo isso”, explica o docente.

Já nos hospitais, “são responsáveis pelo preparo dos remédios que serão utilizados, nesses pacientes especificamente, e pela chegadados medicamentos à mão dos médicos ou à equipe que irá infundi-los, com qualidade e com as características para cada indivíduo”. “E o farmacêutico vai trabalhar em análises clínicas, na parte laboratorial, exclusivamente com a detecção do vírus. Portanto, temos uma linha de profissional atuando diretamente na orientação e no auxílio ao indivíduo doente ou com suspeita, e uma outra linha, a das análises clínicas”, resume Bernardi.

Ele conta que, de maneira geral, um vírus é composto por um material genético de DNA ou RNA, envolto por proteínas. “São proteínas diferentes, específicas de cada um, e a esse grupo dá-se o nome de capsídeo, que protege o material genético.Alguns outros vírus se distinguem por terem um envelope, algo além dessas proteínas, chamado envelope lipoproteico. No caso do coronavírus, que é envelopado, em seu material genético de RNAhá, portanto, as proteínas que formam o capsídeoe o envelope lipoproteico, no qual encontramos proteínas que vão ancorar nas nossas células, ou seja, dos hospedeiros, que são aquelas espículas/saliências que dão a característica de coroa, e por isso o nome ‘coronavírus'”, detalha.

Quanto aos testes, o professor menciona que há diferentes tipos para a detecção da Covid-19. “Um paciente pode estar com suspeita da doença e, assim, pode-se coletar seu sangue para detectar anticorpos. Sua presença traz uma informação se o paciente está, naquele momento, com a doença ou já esteve em contato com o vírus e adquiriu anticorpos, ou seja, a imunidade contra o vírus. São feitas detecções a respeito desses anticorpos, que são chamados de IGG e IGM. São testes rápidos – coleta-se o sangue do paciente e separa-se o plasma ou seu soro – alguns testes usam até mesmo o sangue sem precisar fazer essa separação. Ele é feito e, entre quinze e vinte minutos, é apresentado o resultado, que vai mostrar se o paciente teve ou está com a doença”, explica Bernardi, dizendo que “é um teste mais qualitativo, que indica se é positivo ou negativo”.

“Em outro teste que parte do mesmo raciocínio, com a detecção dos anticorpos, também podemos ver uma parte quantitativa – avaliar a quantidade de anticorpos que esse indivíduo tem, por um processo de sua concentração no sangue. Também há um outro teste, por exemplo, para ver se tem os anticorpos, e que possivelmente bloqueariam a ação do vírus em uma célula. Os testes mais rápidos são esses, que fazem a retirada do sangue do paciente, e essa detecção”, aponta o professor.

Máscara cirúrgica sobre fundo verde minimalista – Foto: Freepik.com

Contudo, ele alerta que esse tipo pode dar resultado negativo para a doença. “É necessário que o paciente tenha tido contato com o vírus ou uma sintomatologia de pelo menos dez dias, para que os anticorpos existam em uma quantidade que seja detectada por esses exames. Então, às vezes, no segundo ou terceiro dia de infecção, o organismo não produz a quantidade de anticorpos para serem detectados, de modo que é necessário aguardar mais tempo.Às vezes, a pessoa fica ansiosa, quer fazer o exame imediatamente, nos primeiros momentos de sintomatologia, e o resultado será negativo”, reforça.

O que se detecta, nesses casos, são as proteínas específicas do envelope do vírus,de acordo com Bernardi. “São exclusivas da Covid-19, então, as células de defesa – os anticorpos – foram produzidas para atacarem os vírus, no sentido de irem atrás dessas proteínas. Dessa forma, o teste também é feito assim, com a detecção dos anticorpos contra a proteína específica, nas amostras”, esclarece.

Existe também um tipo de teste”mais específico, de biologia molecular, para detectar o RNA do vírus, ou seja, seu genoma”. “É feito pela coleta de material da boca, garganta ou fossas nasais do paciente. Assim, retiram-se as células que possivelmente podem estar infectadas, de modo que, nesse caso, portanto, é detectado exclusivamente o vírus. E também precisaria ser feita uma cultura de células para que esses vírus a infectassem, no laboratório, e isso demoraria muito. Quando essa amostra chega, é feita a retirada do material genético, que é específico dele, e faz-se a detecção por biologia molecular – exame chamado de RTPCR.É a necessidade de uma amplificação, ou seja, o aumento da quantidade do genoma desse vírus para que seja detectado. É um exame bem mais sensível. Não que os outros não sejam, mas a sensibilidade deles cai um pouco em função do tempo da análise – mais ou menos dez dias. Se eu aguardar esse tempo, há uma sensibilidade maior de o teste ser positivo”, explica.

Resumindo tudo, “os testes feitos por meio do sangue são para detecção de anticorpos – então é necessário aguardar dez dias”. “Os exames feitos com coleta de material da boca, garganta ou fossas nasais são feitos com o PCR, por meio da biologia molecular, e demora um pouco, pela necessidade de um preparo maior, porque é preciso retirar o material genético de dentro do vírus, purificar essa amostra e fazer os testes para a sua presença”, finaliza Bernardi.

Informações sobre o curso de Farmácia da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88.

Compartilhe esta notícia: